quarta-feira, março 26, 2008

POESIA MACHO-FÊMEA

O conclave poético parece que decidiu que existe poesia macho e poesia fêmea, contudo o género feminino ainda não é reconhecido como apto para a arte. Desculpam-se com algumas - raras - excepções, pois caso contrário o conclave arriscava-se - sempre, em todos os casos - a levar uma valente surra ( exclusão cultural/social) ou do pai ou do esposo. Estas são as únicas excepções à prática poética feminina num país de machos poéticos. Mais do que o futebol, a poesia é uma coisa para quem, olhando-se ao espelho, aprende desde tenra idade que os golpes não são para se fazer na cara, mas noutras coisas. Os machos poéticos, mesmo aqueles que escrevem poesia fêmea, iluminam-se, e o golpe, esse, só pode ser dado com as palavras. Logo, a finura para o golpe é, desde tenra idade, adestrado pelo futuro macho ou quiçá fêmea poético como se fosse um brinde tardio da natureza - aquela malandra que só aos poucos releva os desígnios - para que as dúvidas quanto ao género se diluam tão naturalmente no espírito de cada um como o hábito de representar a reprodução da percepção da noite com lua e do dia com sol. Assim, qualquer garotinha, desviada pela vaidade desde a inocência - desta verdadeira relação com o espelho - nunca, mas nunca será uma boa golpeadora, seja em que campo for, muito menos na poesia , essa arte de bem tratar o sangue; bem se for menos dotada pela natureza ( isto é, se não corresponder ao padrão vigente do apetite alheio), ou tiver a sorte de perder algum dente, nesta idade certa, talvez tenha alguma probabilidade de aproximar, apenas, um pouquito mais o seu nariz, nesta coisa para a qual não é chamada pela natureza. Logo, se a menina fugir ao padrão que desperta a devoração, ainda que loira, prescindindo, só por si, do papá, arranca em apoteose o flagelo da magra qualidade ( na falta de palavra mais polémica) macho, quiçá, fêmea poético que em sua defesa a erguerá como uma excepção puramente excepcional, assim, como qualquer princípio sintético a priori da razão! Escapou à natureza!! Depois é uma chatice! Como se apelidará? Poetisa!? Não, isso é um termo pouco conveniente ou adequado, a tão excepcional desvio da natureza! Logo, passa a Poeta! Depois, há quem, em picos de pés, grite eu sou poeta! Tá bem, és poeta! Depois, assistimos há banalização da poeta! Tão "stopoetry" quanto a poesia macho, quanto a poesia fêmea! Depois, onde andam essas garotas, de condição de possibilidade a priori de poetisas privadas, pelo malvado espelho - esse aferidor de actualização de potência tão enganador quanto a ausência de sol durante a noite.Stopoetry, dada a extraordinária e inqualificável qualidade poética produzida pelos perseverantes poetas subsumíveis na poesia macho-fêmea, faz votos que a castidade editorial, penosa, a que votaram os leitores, descubra em 2005 que o sol é uma borboleta que faz da noite um casulo ou qualquer outra fantasia! Mas, que se questione, perante tão evidente anomalia. Será que não existem pelo menos umas 100 mulheres cuja qualidade não seja passível de desdenhoso pudor macho-fêmea. Dada a pitoresca mentalidade editorial, a stopoetry lembra: Ter calma, p. ex. não vão a correr perguntar às mulheres, companheiras, filhas, vizinhas, amigas dos poetas macho-fêmea, ou vips, ou políticos, ou empresários, ou construtores civis, bem é que estamos a falar de POESIA, não é bem cartas de amor! É que " se todas as cartas de amor são ridículas" mais ridículas são quando os conhecidos as publicam em apoteose pública. Já aconteceu, como que uma gracinha singela da pitoresca identidade editorial tuga. Mas não façam isso à POESIA!! OK!!! Já nos basta o mercado actual, muito stopoetry.

1 comentário:

Anónimo disse...

fixe ...lol